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sábado, 19 de junho de 2010

carta terceira












Caro amigo,

Hoje subi os degraus que me levavam para fora de mim, pois estava cansada do que estava dentro. Saí às ruas, trancei minhas dores às dores dos que caminhavam. Levava comigo apenas a vontade de ir, de fugir. E fui onde todos foram e parei quando outros paravam. Em meio aos que caminhavam seguia um sujeito, destacava-se em meio a tantos iguais. Ele falava, não sei para quem. E eu o ouvia, não sei por que. Eu ouvia. Ele dizia: "apesar do mundo ter caminhado muitos séculos, apesar das horas estabelecidas de trabalho serem oficialmente oito, de terem abolido certas formas de escravidão , da melhoria muito grande em muitos aspectos, da rapidez com que a tecnologia caminha, os homens ainda estão longe de uma saída satisfatória."

Ele parou de falar. Parei de ouvir. Vi que havia outros como eu junto a nós. O silêncio se fez e foi quebrado. Alguém disse: "melhor irmos embora, pois se lhe incutem uma ideia e não tem condições de raciocinar, acaba tomando a ideia como verdadeira."

O primeiro continuou: "proíbem sutilmente que o desejem. Pertencem aos poderosos? Provo, por todas as letras do alfabeto, do zero até quase o infinito, que tudo obedece a um processo histórico e o homem vai se moldando, obedecendo às ordens." Parei de ouvir e segui. E ele? Ah, ele continuou a falar...

Se ainda aguentas, deixo-te mais um abraço, dos mesmos de sempre. Quem sabe um dia eu os mude...


imagem* solidão_ artur m.v.félix
música* mercedes sosa_ Cuando Ya Me Empiece a Quedar Solo

8 comentários:

  1. É, parei de ouvir e segui. Ruim quando nos dizem que somos moldados e que apenas seguimos ordens.
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    Sigo então, não sei se por mim mesma, ou apenas para cumprir (as tais ordens)
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    Fica o meu esganadeiro abraço a cada um que me lê, seguindo comigo ou não...

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  2. poxa... serei eu uma curiosa e xereta?? tenho lido todas as cartas que escreves..
    e tenho pego tb, um respingo dos abraços que dás, aos passantes.

    ahhh eu queria a minha "missiva" escrita de próprio punho. rss

    Mas assim já vai estar bom. Aguardo ansiosa.. mas sem pressa.....
    sabe-se lá o que tens pra me contar...
    tem coisa que é segredo viu? não espalha. hahaha

    Um beijo, guria das letras bonitas.. (e do contra) rsss

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  3. são cartas para os amigos, Tania; da mesma forma os abraços que deixo rs
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    ah, qrias de próprio punho? rs
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    escrevo uma aqui e se gostares, mandas teu endereço e te mando, escrita num doce papel de carta perfumado...rs
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    beijo, querida

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  4. ...o que prendi neste tempo que pairei neste universo ensinou-me a constatar que existe um elitismo [sem conotação ofensiva] que tenta, talvez inconsciente[mente], controlar o acesso e a possibilidade de expressão. è um controlo tremendamente subtil e elaborado d forma [dolorosa] para o visado[da], a liberdade[aquela que falamos lá] é assumida pelo facto de não existir possibilidade de impedir a livre expressão das Criaturas virtuais, bastará ver que ninguém se afasta duma [sala] de conversação, mesmo que outrém o tente repudiar recorrendo a ofensas ou agressões explicita[mente] demonstradas..mas muito lenta[mente] esse afastamento é conseguido através do [silêncio] por resposta.. Cria-se desse modo, um mundo onde falar é uma [liberdade desmedida] mas, ser ouvido é fruto de [uma censura atroz].
    Por tal... a grande conquista no Universo Virtual não é conseguir emitir sons [words] mas, é tão-só o sentir que alguém nos [ouve] e que nos confirma essa audição, então os nosso [eus] existem ou podem existir se alguém reage, caso contrário seremos avatares de Criaturas invisíveis...

    Qunado criei o mô, dei-lhe uma forma estudada, uma linguagem de acordo com o que tinha vindo a observar e repara como foi de imediato aceite...[rindo]. Contudo, tive que falar que o mô era n nicks e passado um pouco também ele recebeu alguns silêncios como resposta. Pergunto....o que terei dito para receber alguns silêncios e também alguns parabéns como resposta? Logo no imediato eu crio um novo nick[ainda segredo]..e, ninguém me perguntou nada, nem quem eu era, nem o que fazia, nem do que gostava, ninguém estabeleceu um diálogo, porque d facto o espaço nem é de diálogos, mas antes um espaço d monólogos cruzados...e há algo que me ultrapassa o tipo d linguagem, aceito facilmente que em certos nicks a linguagem que me caracteriza possa ser de difícil acesso, mas o nick que criei [o [desconhecido] é o oposto..é divertido, alegre fácil de acesso..etc.

    Conclusão [rindo] prefiro que tirem Vossas conclusões, mas vou dar a minha.[ufa finalmente] diz alguém...acho que a cumplicidade que se [cria] pode levar a um incómodo, como se entre [avatares] existisse um código ético de pairar e não lhe ser permitido estabelecer comunicações [relações] preferenciais.

    Dando o pescoço ao manifesto. Quantas esgana[delas] aguentarei.

    Um dia desses perco a vergonha e escrevo uma cart[A]berta.rsrs

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  5. Tenho q ir lendo e respondendo por partes.
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    qto a elitismo, sim, ele existe, mas não só na expressão; ele está presente em tudo, não somente nas expressões, embora muita coisa possa ser classificada como ' expressão'.
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    O afastamento a q te referes, é bom mesmo q não ocorra, não ao menos por conta de possíveis ofensas q nem sempre são ofensas. Podemos entendê-las como tentativa de ofensas, pq eu ao menos, não me sinto ofendida qdo tentam isso. Lastimo que tais coisas ocorram, pq elas demonstram a fraqueza humana, a incapacidade humana de lidar com suas frustrações, invejas, mágoas...
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    Existem mesmo as tais criaturas invisíveis, mas não pensemos que sáo invísíveis, porque nem contestam, nem concordam, apenas habitam aquele lugar...
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    O mô, penso eu, foi aceito de imediato porque é uma figura caricata, pq nos mostra o quanto há de mentiras ali, como há em qq lugar. Onde palavras q soam verdadeiras, podem sim, ser grandes mentiras. Entre ter o trabalho hercúleo de separar umas das outras e entender tudo como mentiras, muitas vezes ficamos com a segunda, q é mais leve e menos decepcionante. O mô diverte, pq é gentil,apaixonado e etc, mesmo sem ser...rs
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    Mais nicks? risos. Penso em quanto mais ainda hás de criar e em quantos rostos inocentes não paira a tua sombra por lá rs
    No meio disso tudo, ao final do dia, ainda sabes quem és? Sabes ainda qual tua real essência? Ou será q os personagens já, quem sabe num motim, tomaram conta do ator? rs
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    És a imagem q faço de ti: um cientista q está sempre a estudar as reaçoes, os comportamentos. Microscópio sempre à mão rs
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    Enfim, q dure enquanto aguentares e enquanto te aguentarem.
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    Isso me faz lembrar a história do Pedro e o Lobo q conto qse todas as noites aos meus pequenos, ensinando-os (tentando) sobre os perigos de se mentir muito rs
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  6. Talvez um dia, iras querer q alguém acredite em ti, e isso não vai ocorrer...
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    Como conclusão, todos mentimos, todos dissimulamos, todos encenamos. A diferença está em que alguns (como tu, como eu e outros) admitem isso, enqto q a maioria faz ares de ofendidos e passar cruzar a rua qdo nos vê.
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    Talvez o mundo seja para os perfeitos e não para os imperfeitos rs
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  7. esse teu personagem deve ser o fernando rs
    alegre e divertido? só pode ser ele! risos
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    vai q é tua Tafarel! *rs
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  8. leio vc e me escondo um pouquinho para pensar. Lindo!!!

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Minhas letras são sementes que precisam do teu olhar, da tua presença, para germinarem e gerarem algum tipo de alimento para a alma.
Obrigada pela presença.