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segunda-feira, 14 de junho de 2010
carta segunda
Caro amigo,
Ultimamente tenho interrompido bastante. Não queiras saber o quanto daria para estar perto de ti, trocando ideias. Estou me lembrando agora de “Adeus esperança, mas, com a esperança, adeus medo, remorsos... Mal sê meu bem.”. O herói romântico julga cometer o mal por nostalgia de um bem possível. Ainda mais, “um pouco mal confessado dispensa o reconhecimento de muito mal escondido.”
Lembro-me com saudades das nossas noites de discussões. Talvez estéreis? “Tanto para Freud como para Santo Agostinho, o destino da humanidade é um ponto de partida e empenho em reconquistar o paraíso, mas, entre esses dois pontos extremos, o homem está em guerra consigo mesmo – impulsionado segundo Santo Agostinho, por dois amores: o verdadeiro amor de um lado, e a cobiça do poder por outro.”
Veja, aí cabe uma discussão. Segundo cientistas sociais, o homem é inerentemente bom, pacífico. Seu comportamento agressivo é consequência de “frustrações do meio ambiente ou da ignorância e pouca atenção.”
Quando chego aí, sensibilizada, surge Freud dizendo reconhecer os resultados das frustrações do meio ambiente. Entretanto coloca que, apesar disso, o problema é mais profundo.
Como percebes, fico pensando nos dois gênios do século XIX, Marx e Freud, separados apenas por dezenas de anos. Pergunto-te: se vivessem na mesma época, suas doutrinas se complementariam? Não há dúvida, esta fusão seria o milagre, o cravo bem temperado. Não pode querido amigo, haver dicotomia entre o corpo e o inconsciente. Corpo e mente são o único corpo absoluto.
Talvez esteja bem mais otimista do que eu mesma poderia supor. Sinto isto quando me lembro de que: “o homem não seria este corpo despedaçado em busca de uma unidade impossível? Não vive o drama de incompletude? Vem, por que forças não se sabe, marcado pelo estigma da falta, falta original. Traz consigo, desde as origens, as marcas do descontentamento. Nenhum homem nasce branco. Todos os homens nascem manchados. Todos os homens são pardos.”
Vou me calar, pois parda também sou. Deixo que o texto continue - talvez em mãos guiadas por mentes melhores do que a minha. Um esganadeiro abraço, que outros nem sei dar
imagem* Luis Alcido Brochado
música* Toranja_ quebramos os dois
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Era eu a despir-te do era pequeno
ResponderExcluirE tu a puxares-me para um lado mais perto
Onde se contam histórias que nos atam
Ao silêncio dos lábios que nos mata...!
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...
seremos sempre seres incompletos? o que é
ResponderExcluirisso q tanto buscamos, q não tem nome, nem rosto, nem voz?
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o olhar se perde no tempo, no espaço, no tudo, no nada, tentando compreender o incompreensível...
buscando sabe-se lá o que, sabe-se lá quem, sabe-se lá por que!
uma busca incontida, doída, sofrida e faminta
ResponderExcluir.
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___eu andei pelas anteriores, a naquela dos raios que chispam os céus, foi como um dèjavu, parece que foi feita para mim. e nem sou pretensiosa (você sabe). rs*
ResponderExcluirmas, nessa carta me detive por longo tempo, e não vou cair no lugar comum do lindo, não, não foi lindo, foi sublime.
tá?
uma verdadeira introspecção. e eu sei lá se falo besteira. mas de fato, hoje roubou-me o sossego no primeiro fôlego em que li, depois voltei a ler e reli...não por não entender, mas por pura inveja, é sim, dessas que a gente entra na trama e se pergunta: por que eu não escrevi isso? rs*
e assim com essas parcas palavrinhas deduzo que o brilho da mente está em aquietar-se.
tá.
fui confusa?
ih..rs*
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um beijo.
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Um corpo a procura da harmonia da alma, sempre. Voltei e isso é bom!! Deixo meu beijo.
ResponderExcluir...e algo disseste repleto de[verdade], de facto estou muito atento e busco algo.O quê? ainda não sei exprimir, talvez o limbo deste [mundo]ou o limbo do[ser]...o limite da alma. Pressinto que aqui há uma [chave] por desvendar, umas das chaves que abre o livro dos olhares[sim, sou pretencioso]rsrs...mas não trago intento profano, nem pretendo evocar a dor ou tão pouco criar incómodo ou desagrado.
ResponderExcluirNeste Universo paralelo há espaços para [Tudo, Todos e Nada], pode até ter espaço para [potes]de magia e alquimias de grandes [Mestres], que referes..o dificil é ali, aqui ou lá, ler nas entrelinhas, descodificar os sons da melodia, pois aqui, lá ou acolá, não é possivel ler o brilho do olhar...assim, consegue-se o mistério na sua vertente mais intensa, mais submersa e dolorosa[gostosa para alguns]..intuir a cegueira e caminhar sem vislumbrar o caminho.
Sem tempo para empilhar direitinhas as[words], consumei o impulso e escrevi...ah!! Eu sei lá o por[quê]. Talvez porque gosto de entender o cerne do ser, de perceber aquele fio que estrutura a alma, o senti[mento]que exala...de intuir o âmago [nu]que os avatares integram...são tantos e nenhuns os motivos Criatura....num pensa[mento] em voz alta - quem sabe não seja a raíz de cada [ciber-onto] o que ainda nos interessa mais???Deixo a interrogação.
Serena a noite Criatura, vai um beijo de luar espelhado nas ondas radicais de um pesamento alado.
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ResponderExcluireu não vou comentar, M.
deixei meu olhar pelas páginas de se blog
e parei por aqui com um vagar silente
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rabisco algo apenas
para registrar
meu apego a ler você
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[que haja sempre a fartura de páginas em branco para que vc as prencha assim]
beijos
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