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quinta-feira, 24 de junho de 2010
a quinta carta
Caro amigo,
Quando me sento assim, ouvindo uma música assim, penso em quantas cartas ainda te escreverei. Penso mais além. Penso nelas amassadas em tuas mãos, lidas e relidas. Penso mais um pouco e as vejo sobre a mesa, intactas, sem terem sido abertas, empoeiradas, abandonadas como abandonamos, indiferentes, tudo que não nos importa.
A indiferença por si só, já daria assunto para muitos textos. Talvez perca apenas para o assunto ' amor'. Mas este eu passo, porque sou árvore seca que não sabe amar.E da mesma forma, não sirvo para ser amada. Haverá alguém que ame uma árvore seca? Não. Há, claro, os escultores, que cavam, perfuram, usam, transformam e amam o que disso resulta, mas não a árvore. Amam sua obra, obra-prima. Mas não a matéria. Amam o talento que tem, mas não onde o talento se expõe.
Penso mais um pouco. Todas já foram verdes, não? Há árvore que nasça seca? Não. O que as faz secar? Não, nem me responda. Não quero respostas. Elas nem são o que espero. Vêm enroladas em papéis laminados, coloridos, mas nem são o que espero. Espero de mais? Achas isso? Ah, sinceramente não quero saber o que achas. Quero que me leias.Talvez jamais me leias. Faço de conta que sim. Sou boa em fazer de conta. Não quero ser contaminada por tuas respostas sempre tão cheias de certezas. Detesto as certezas!
Percebes o contorno das ruas arborizadas? Sabes que lá há muitas árvores com diversos troncos? Árvores com raízes tão fortes, saltando da terra, que vão se enrolando no tronco-mãe como novos troncos novos. E todas tão vivas! Os homens gostam de imitar as árvores. Eu imito. Imito uma árvore seca. Dizem que o primeiro homem, ao descobrir que podia dominar o outro, estava numa tarde de sol, em frente a uma dessas árvores. As vivas. Deste dia em diante não teve mais paz. Dormia imaginando o que poderia fazer para reforçar o desejo de possuir. As árvores vivas. Levantava triste, cabisbaixo, quando percebia que as árvores ainda não eram todas suas. Que o mundo ainda não era todo seu.
Saía, dizem, da caverna grunhindo, cada vez mais alto, desde a denúncia da natureza de que, o som emitido sendo mais forte do que o comum, bastaria para capitanear o mundo. E as árvores. As vivas. Porque as secas ninguém capitaneia. A não ser sua própria secura. Algo lhe dizia, dizem, que se aperfeiçoasse o método do berro poderia comandar sem tanto esforço. Se se fixasse como a força maior, seria temido pelos outros. Como as árvores, suas raízes foram obedecendo à lei natural, empurradas cada vez mais para o fundo da terra (sua morada), emergindo violentas, abrindo chão com agressividade e força em direção ao alto, enroscando-se, retorcidas nos galhos, usurpando o espaço da folhas e da beleza. As vivas.
Hoje é sem abraço, porque seria um seco abraço. Seco, triste, murcho...
imagem* raízes_ gabihera
música* imagine_ eva cassidy
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Serenos pensamentos e laivos de luar espelhados nas árvores dessa floresta, trago dos fundos do lago verde, uma ametista repleta de cores, em lilás e roxo muito intenso.
ResponderExcluirÉ oferenda de memória que encontrei no ponto crucial onde nascem as tempestades. No profundo da floresta não conhecida, onde pairam em descansos animais e tanto, entre ramos ondulantes, onde cristalizados em murmúrio [vivem em baús] gritos abafados em surdina... colhi hoje os nenúfares e em vidros de silicatos enfeitei toda a floresta, onde o Sol tão morno e quente abraça devagar o frio que escorrega entre as raízes da existência.
E ouço as árvores a roçarem as pedras semeadas, nas estepes de alvo manto caminham os peregrinos de candeia muito içada na busca do sagrado, [da Mãe] da floresta.
Para ti Criatura, trago e liberto a serpente de pele renovada, ave branda em labareda e incenso e trago uma vieira guardada, luz trémula de cristal, sem gume ou azedo paladar, para no alto desse monte entre brumas e sonhos, guardares para ti o olhar do [Bruxo], agora tão desvendado pelas [folhas vivas] da natureza... que [folhas] tão traidoras de palavras [nos ramos] revelando os contornos do desenho da alma do [Bruxo]... mas eu lhe quero bem, por ser tão elevada em exageros não humildes e pinta cores muito intensas como ser alada de arrogância, também ela [Árvore Seca] ama as brisas dos cristais escondidos entre os limites da terra que mapeia o chão donde emergem [Todas] árvores.
Queiram os deuses que se precipitem os solutos dissolvidos e que nas sombras humedecidas cresça a árvore da amizade...
___e por acaso há de comentar algo?
ResponderExcluirnão né?
sento-me, sirvo-me da sombra que as letras fazem, leio atenta como num filme antigo, tantos dèjávus (plurais)...rs
e esse anônimo mais eloquente, e tantas cartas para se escrever...arre!!!
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um belo fim de tarde esse meu, antes de ler olhei o céu pela janela, havia um azul minguadinho, quase cheio de nuances laranja, agora que li tudo, olho novamente e vejo que o azul é brilhante, porque há nele uma lua...uma só...rs*...e em tudo há transformação.
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tá, parei!
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rs*
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beijo pro anônimo.
e beijos pra você.
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beijo vcs dois
ResponderExcluire obrigada pelo que me oferecem...
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